... as saudades ... aí as saudades...


Os dias passam...




Os dias teimam em passar, sem nada ficar para além das respostas que ficam no ar. Entre a mensagem da coincidência, que fortalece a esperança... essa maldita que morre por último. E a sensação de que não há o amanhã, que fica sempre entre os olhares que passam! 

Passa-se pelos locais, os primeiros e criam-se novas memórias, para não levar as lágrimas invadirem os olhos. Sempre nessa pertinência de acontecer! A amiga pergunta: Ui o que se passa? Hum um novo jantar para falarmos e contarmos tantas coisas! As pessoas que evitam em falar, em perguntar para além da sua dor! Partilhar desgostos, não é assim tão simpático, por isso evita-se! 

E nestes dias evita-se uma vivência de tudo!!! A dor, a felicidade, sempre tudo tão esbatido! tão sem cor!

E os textos entram pelo meio de leituras perdidas, por entre as músicas de Einaudi! A alma treme ao ouvir o tocar do piano! o desejo de fazer acontecer, o desejo de um toque, de uma palavra, de um olhar... esfuma-se sempre que se lembram as palavras... 

Deixar de amar, deixar de se gostar, como se faz? Quando tudo deixa de fazer sentido? 

Nos dias que passam, todos aceleram, todos dizem ao final de alguns dias... Tu vais ser feliz! Tu vais encontrar alguém! E nestes momentos só questiono, será que realmente estão ali, aqui e agora comigo? 

Esta aceleração para que a dor deixe de habitar a alma, para que ela seja somente uma ilusão, uma miragem... não consigo deixar de sentir! Não consigo arrancar este sentimento do peito, e deita-lo para o chão e pisar! Gritar a este coração ou alma, e dizer como foi capaz de acreditar que poderia haver um sentimento nobre para além de um encontro de corpos?

“O sexo começa nos olhos, naquele primeiro olhar de conquista, quando duas pupilas sedentas se tocam e se acariciam. O sexo começa quando o desejo nos faz mordiscar nossos lábios graciosamente. O sexo começa nas conversas e afinidades partilhadas com entusiasmo e carinho. O sexo começa nas mãos que se roçam de leve e nas pernas que se tocam sem querer e que não negam esse encontro”. (Vanelli Doratioto)

O que fica?

Não sei bem!!! oiço a música ao fundo e sinto a cada momento a vontade de me perder, de desaparecer, por entre uma estrada que caminha, sem nunca mais voltar! Ir e não largar a mochila! 

Este desejo de partir, cada vez mais intenso, cada vez mais presente! A um ano entreguei o meu coração ao caminho, acreditando piamente, que não haveria nada! E no final de alguns meses, ele voltou a bater! E no meio deste caminho sinuoso, deixei-me ir, perdendo-me por entre fim de semana sempre condicionados, vontades sempre trocadas, as prioridades de outrora tornaram-se cada vez mais uma miragem... no meio de todas as ilusões, não existiram!

e entre leituras vãs, surge a loucura de lembrar...

"O sexo começa antes do sexo. O sexo começa nos olhos, naquele primeiro olhar de conquista, quando duas pupilas sedentas se tocam e se acariciam. O sexo começa quando o desejo nos faz mordiscar nossos lábios graciosamente. O sexo começa nas conversas e afinidades partilhadas com entusiasmo e carinho. O sexo começa no momento em que o outro entra na gente, não pelo físico, mas pelo coração. Quando esse outro começa a fazer a diferença em nossa vida e chama sedento todo nosso eu para partilhar um novo mundo com ele.
Ah, o sexo começa com as mãos que se roçam de leve. Com as pernas que se tocam sem querer e que não negam esse encontro. O sexo começa no cílio que é retirado dos olhos com delicadeza ou com o guardanapo que limpa o restinho de espuma do canto da boca.
O sexo começa em um simples “oi” quando o outro te sorri maliciosamente com o canto da boca. O sexo começa na admiração. Na disposição de entender. Na vontade de conhecer o mundo por outros olhos. O sexo começa nos livros trocados, nas mensagens virtuais dedilhadas, no abraço apertado dentro do elevador. O sexo pra ser bom começa na excitação que o outro nos causa sem precisar fazer esforço para isso.

E o salto alucinante para outra sensação, de que só vive realmente na luz, quem sabe habitar nas trevas, esta necessidade de todos evitarem-na coloca somente a dificuldade em identificar os cinzentos que nos habitam, em nós e nos outros, e surge a leitura:

"De acordo com o psicanalista Carl Gustav Jung ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão. A consciência da existência da noite traz temor, mas também incita à reflexão e à fé. Não podemos esquecer que é na escuridão da noite que se anunciam as estrelas com seus brilhos encantadores. Durante o dia elas estão lá, mas não podem ser vistas. A “noite escura da alma” nos empurra para que busquemos o melhor em nós. O melhor nas situações que nos surgem. O melhor nas possibilidades futuras."

E esta maldita esperança, como na peça a Velha Esperança, em cena no Trindade, surge a dúvida de que no amor, no gostar-se se é tão somente egoísta! A velha pede ao Deus, que lhe dê um sinal de que o seu amor perdido na vida...

E no último momento surge, aquele pente que cai, as iniciais que se vê... e o chorar de saber que a vida passou sem oportunidade de reencontro! O amor de se ver para além de todos os desencontros! A vida é tão superficial, não se vive na maioria dos tempos, somente sobrevive! E quando agarra o casaco, e mexe nos bolsos, a carta de amor, a contar que sempre a viu apesar de ter fugido! 

E a empatia que surge, pela mulher que ficou para trás, que ficou perdida num dado caminho, que foi impossibilitada de realizar algo mais do que o o dia a dia, porque se tinha medo dela abandonar! E foge-se, para não se ser abandonado-se, simplesmente abandona-se! 

E as lágrimas caem pela cara, o coração salta, e o som da maquina que a liga a vida, intensifica a cada momento, para o coração da Esperança e por movimento profundo, pará o meu! Solidário! 

A dor é demasiado intensa, muito fria! E oiço dentro de mim somente a vida a ir-se...

E nesta carta que escrevo... não consigo deixar de sentir que regressei ao caminho, pé ante pé! Sinto a alma a levar-me para novos desafios. Tenho medo, e nem sei como falar do amanha se o hoje doi tanto!!!!

E questiono-me o que aconteceu? Foi só carnal?

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